Greyce Lousana
Ed. Revinter
Ao ser convidado a prefaciar mais esta obra da autora, senti-me honrado e satisfeito em fazê-lo.
Em segundo lugar, porque conheço a autora já há muitos anos e conheço a sua forte determinação em levar as informações sobre Pesquisa Clínica a todos aqueles que se interessem ou se vejam envolvidos por este assunto seja o cidadão, seja o profissional que busca o aprofundamento de seus conhecimentos. E assim, já há muitos anos, tem colaborado de maneira decisiva para que os diferentes aspectos relacionados com a condução de Pesquisa Clínica sejam um assunto cada vez mais disseminado e conhecido no Brasil.
Finalmente, a minha satisfação se completa ao prefaciar uma obra de qualidade, destinada aos Centros de Pesquisa, nos quais serão abordados vários temas relacionados com a Pesquisa Clínica.
A importância da obra reflete-se no fato de que o Centro de Pesquisa é um dos atores essenciais na condução de uma boa pesquisa clínica. Além de acolher o pesquisador que coordenará e conduzirá a pesquisa, o Centro de Pesquisa é o elo entre a indústria patrocinadora, os Comitês de Ética em Pesquisa (CEP´s) e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), é aquele que fornecerá a estrutura para o pesquisador e o ponto de referência do sujeito voluntário da pesquisa.
A sua profissionalização, portanto, é uma questão que abrange a ética com a qual lidará com seus diferentes parceiros e interlocutores; a qualidade de seus recursos humanos pesquisadores e outros profissionais ali alocados; a metodologia científica que adotará e que trará respeitabilidade à pesquisa conduzida e, finalmente, a competência em lidar com estes aspectos e que o tornará um Centro de referência.
Recomendo, pois, a leitura desta obra a todos aqueles que se interessam pelo tema e que buscam o aprimoramento de seus conhecimentos e de suas ações na condução da Pesquisa Clínica.
Hélio Egydio Nogueira
A publicação do livro Pesquisa Clínica no Brasil, em 2002, teve como objetivo iniciar uma discussão sobre o tema, principalmente entre profissionais da Saúde recém-egressos de universidades. Este objetivo foi partilhado pelos seus colaboradores e, até o momento, não temos mais nenhuma referência específica no país.
Naquela ocasião, com estudos clínicos sendo conduzidos há quase uma década, pensávamos que rapidamente grandes Centros acadêmicos fossem se interessar pela área e estabelecer a disciplina Pesquisa Clínica, ao menos como matéria opcional para os cursos de Saúde. Não vimos isto ocorrer; no entanto, percebemos que muitos pesquisadores estão dando maior importância ao tema.
Estudos conduzidos em Centros universitários públicos, sem o conhecimento de seus gestores, fizeram com que discussões nas academias se tornassem um importante tema que exigiu de seus administradores e docentes reflexões sobre mecanismos que permitissem definir objetivos para a condução de estudos por parte da instituição.
Sendo assim, foi necessária uma definição sobre os custos institucionais para a condução de um projeto de pesquisa, qual a importância científica dos projetos conduzidos para a instituição, qual pode ser o retorno tecnológico, a política de publicação dos dados de uma pesquisa, a necessidade de capacitação das equipes envolvidas, a real imparcialidade dos membros relatores dos Comitês de Ética em Pesquisa, os mecanismos utilizados para o esclarecimento dos sujeitos de pesquisa, as visitas de auditores internacionais, enfim, o conhecimento de que pesquisadores que atuam nos grandes Centros de Pesquisa estão conduzindo estudos clínicos de forma transparente deve ser um objetivo perseguido não apenas pelas universidades e hospitais, mas também pelos patrocinadores dos estudos, quer seja uma agência de fomento ou uma empresa privada.
Todo início é difícil; contudo, depois que a maioria percebe que o caminho é seguro, fica mais fácil percorrê-lo. Não poderia ser diferente com a Pesquisa Clínica. No início, vários foram os pesquisadores que se colocaram radicalmente contra esta atividade. Não foi incomum alguns pesquisadores envolvidos com indústrias farmacêuticas serem vistos como “profissionais vendidos”, pois se acreditava que conduziam uma pesquisa de má qualidade. Mais tarde, foi interessante perceber a mudança de posicionamento e a nova forma de pensar dos que exercem atividades relacionadas com a pesquisa.
Que bom que somos seres racionais, aptos a rever os nossos conceitos e mudar nossas posições! Assim, estamos observando um aumento no número de estudos e uma crescente preocupação com as questões éticas e técnicas que envolvem este mundo da pesquisa tão emocionante.
Com este novo livro, queremos focar a importância crucial dos Centros de Pesquisa e da capacitação de seus profissionais neste processo. Somente o conhecimento nos leva a uma crítica sensata. Centros capacitados e bem estruturados respondem com qualidade e atendem à demanda do mercado interno e externo.
Greyce Lousana