Greyce Lousana
Conceição Accetturi
Ed. Revinter
A utilização de certos processos pode levar algum tempo desde a sua criação até sua popularização. A condução de estudos clínicos no Brasil segue esta premissa e, nos últimos anos, pudemos perceber um aumento no número de profissionais interessados em ingressar no setor. Há dez anos propusemos a criação do Núcleo de Apoio ao Pesquisador (NAP), na Universidade Federal de São Paulo. Sua criação foi autorizada pelo então reitor Dr. Hélio Egydio Nogueira, em nossa opinião um visionário e grande empreendedor.
O principal objetivo do NAP era assessorar os pesquisadores que, naquele momento, estavam sendo convidados para conduzir estudos clínicos, principalmente por empresas privadas. A criação desta estrutura foi originada pela necessidade de que a instituição pudesse mapear os estudos, manter seus orçamentos adequados às necessidades dos projetos, das equipes envolvidas e da própria instituição. Recursos provenientes de pesquisas clínicas em instituições públicas devem ser utilizados para subsidiar estudos da própria instituição e aprimorar sua estrutura para melhoria da qualidade do atendimento dos usuários do serviço. Na ocasião muitos profissionais sequer compreendiam a necessidade desse setor. Hoje, no entanto, são várias as entidades que não mais admitem a condução de projetos sem que grupos específicos avaliem os estudos. Vale sempre a preocupação de que tais grupos, contrariando o objetivo primário de gerar melhorias, acabem gerando lentidão e tornando-se “massa de manobra” institucional.
O gerenciamento de um estudo exige não apenas conhecimento científico mas, de forma não menos importante, exige conhecimento administrativo.
Não podemos falar em proteção dos sujeitos de pesquisa sem que os locais onde estudos são conduzidos tenham condições estruturais, de pessoal e de gerenciamento específicos para as necessidades de cada uma das fases de um projeto. A simples análise para autorização de um estudo garante apenas uma avaliação inicial, antes que o mesmo possa incluir seres humanos. Se não garantirmos uma gestão efetiva nos serviços que conduzem os projetos, bem como nas instituições que dão suporte aos estudos, estaremos não apenas possibilitando que recursos financeiros sejam mal utilizados mas, principalmente, permitindo a exposição a riscos desnecessários dos indivíduos que participam dos projetos, quer por ineficiência das estruturas ou das equipes, quer por falta de previsão das necessidades gerais de um projeto que demandam planejamento a curto, médio e longo prazos.